Neutrão

De que o mundo precisa mais?

De mais gente diferente. O mundo é todo igual. O que faz as pessoas para serem tão iguais? Qual é o grande mecanismo massificador salamificador do mundo?

Sabe o que é tudo igual? Uma Kombi cheia de gente indistinguível.

Deve ser por isso que damos nomes cheios de diferenças na grafia: se não vamos ser diferentes na essência, quem sabe na aparência?

Deve ser por isso que dizem que homem é tudo igual: porque é mesmo.

Deve ser por isso que buscamos nichos cada vez mais obscuros: para parecer que realmente somos diferentes, que não fazemos parte da grande massa.

As pessoas na rua, cada uma com seu estilo, cada uma com a sua onda... até abrir a boca e sair a mesma coisa, como se fosse coreografia.

Eu tiro o chapéu para você, que decidiu vender poesia por R$ 1,00 na rua. Poesia ruim, mas poesia, algum respiro, algum sopro.

Eu admiro você, que gravou música, colocou num CD e foi vender na rua. Uma ideia diferente, um ponto fora da curva.

Se compactássemos uma pessoa, daria um arquivo de 1,0 GB. Se compactássemos 1.000 pessoas daria, talvez, 1,1 GB. Tamanha é a homogeneidade opressora da mente contemporânea.

Antigamente você andava alguns quilômetros e tinha outra terra, outro povo, outra gente. Hoje em dia assombra a imensão extensão de cada terra uma grande pincelada cor de nada.

Quando as máquinas tomarem conta, vai ser mais fácil pegar um e só dar Ctrl+C, Ctrl+V. Pode apostar.